As lágrimas que deixei cair pelos aeroportos e ninguém viu

Assim como os terminais de ônibus, os aeroportos são um local de encontros e despedidas. Aquela miscelânea de felicidade e tristeza. No meu caso, sempre foram locais de alegria, um ponto de partida e ansiedade para os lugares maravilhosos que estava prestes a conhecer. Mas isso mudou, o anonimato dos aeroportos me abraçou e me deixou chorar.

Sou uma pessoa dura, chorar de emoção é permitido, mas o choro da dor eu estrangulo. Fica amarrado pelo pescoço na garganta. As lágrimas se debatem querendo sair, mas eu as impeço. Quero ser forte!

Há seis meses quando abracei os meus para viver fora, eu queria só sentir alegria, afinal eu estava indo realizar um sonho. Me julguei ao sentir aquele aperto no peito pela dor, mas, ah! o anonimato é tão belo. As lágrimas caíram na longa espera do embarque e me permito pensar que foram invisíveis. Ninguém as viu.

Quatro meses depois eu tinha que progressir com os planos da viagem e me mudar para a capital da Nova Zelandia. Era apenas 1h de avião de Auckland e eu veria meus amigos em 8 semanas, antes de voltar para o Brasil. Eu estava bem, feliz, mas ao me deparar sozinha naquele saguão, o choro veio, impiedoso.

No derradeiro adeus eu esperava chorar, mas a defensiva não me deixou. Olhar nos olhos marejados de um amigo tirou meu coração pela boca e o esmagou com os cinco dedos de uma palma aberta. E, de novo, o aeroporto estava lá, esperando para me abraçar. Elas vieram rápidas, rolaram pelo rosto, quentes, salgadas, doidas… Depois veio o alívio, olhei para o lado, ninguém me olhava, eu estava invisível e isso era maravilhoso.

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